domingo, 25 de abril de 2010

Ó Camões...

Diz-me lá tu, ó Camões,

Do alto do pedestal,

Se vislumbras com teu olho

Um Futuro a Portugal.

Diz-me se tem razão

Esta ideia que não cansa,

De que neste nosso povo

Devemos manter a esp'rança.

Que nós, portugueses, estamos

Esquecendo em sono profundo

O valor que conquistamos

Um pouco por todo o mundo...

Então diz lá, ó Camões,

O que falta realizar

Para que saibamos que é hora

de DESPERTAR!!

(É o que dá descansar 10 minutos nos bancos da praça de Camões, numa boémia noite de Sábado...)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Uma conhecida marca nacional de azeite lançou recentemente um ataque de publicidade em massa, através da TV, cartazes e jornais. Entre as frases que o integram, está a seguinte:

"Ser tudo o que podemos ser. Porque não?"

E sempre que a leio, penso. Penso muito!...

Penso se haverá desperdício maior do que passar uma vida agarrados ao que temos, apenas por medo de que aquilo que realmente procuramos não exista. Uma vida? Não. Um segundo, que seja. Basta que por um momento nos deparemos com a terrivelmente decepcionante imagem de nós próprios a recusar a viagem sem destino, sem seguro, sem bagagem, sem companhia, usando como justificação um simples "Oh... é melhor não.".

Serei a única pessoa a pensar assim?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Mensageiro

Domingo à tarde peguei na guitarra e fui dar uns acordes para os jardins de Belém, de forma a poder aproveitar da melhor maneira o sol que se fez sentir pela cidade.

Lá chegado deparei com uma plateia bem composta, espalhada um pouco por todo o verde. Numa primeira análise quis acreditar que toda aquela gente estava lá para me ouvir, obviamente.

Mas eis que, num piscar de olhos, o vislumbrei ao longe... e nesse momento, a minha imagem de guitarrista alternativo e misterioso perante os presentes caíu por terra, atravessou a estrada e a linha de comboio e desapareceu por entre as calmas águas do Tejo.

Passo a descrevê-lo: Semblante carregado e sério, qual mensageiro a cumprir a missão que lhe foi incumbida, T-shirt beige (em tempos branca) de manga caveada, calças azuis de fato-treino arregaçadas até meio da canela, peúga branca, pedalando a toda a força uma bicicleta encarnada com cestinho à frente transportando um rádio a pilhas que, por sua vez, a altos berros, presenteava os transeuntes com hinos consecutivos desses deuses musicais que dão pelo nome de Diapasão.

Enquanto ali estive, o indivíduo deu seguramente umas 7 voltas ao jardim, a velocidade constante e música a acompanhar o passo.

Perante isto, meus caros, quem poderia ficar indiferente? Eu não.

E no próximo Domingo lá estarei, em primeira fila, à espera que esse mensageiro iluminado passe por mim e me atire um "Há festa na aldeia" ou uma "Bela Portuguesa" sem pretender nada em troca.

domingo, 11 de abril de 2010

Liverpool, meu amor...

Para quem não sabe, eu estive em Anfield Road a ver o meu Benfica levar 4-1 e ser eliminado de uma Liga Europa cujo título estava, a meu ver, perfeitamente ao nosso alcance. Estive lá, cantei com os restantes 2.499 benfiquistas e no fim recebi com eles os aplausos dos ingleses embasbacados que, apesar de terem ganho, fizeram - literalmente - vénias à nossa atitude durante os 90min.

A derrota custou, é claro. Mas dado que fiquei por terras britânicas até ontem, Domingo, a mesma acabou por ser amenizada por vários factores que passo a sequenciar (sem qualquer ordem específica):

- 3 noites num quarto executivo do Hilton Liverpool, com acesso a uma sala de comes e bebes à descrição e com vista directa para a Albert Dock, um dos principais focos turísticos da cidade;

- Visita ao Cavern Club, réplica perfeita do local onde "nasceram" os Beatles, minha banda de eleição, e onde ainda tresanda a Beatlemania por tudo quanto é canto;

- Passeio no Yellow Duck Marine, um anfíbio que deu a volta pelos principais pontos de interesse da cidade e acabou a navegar nas águas do Mersey River;

- Ronda nocturna pelos principais bares da noite de Liverpool, com bandas ao vivo e milhares de pessoas que ali estavam, em grande parte devido ao Grand National, o principal evento equestre inglês e que se realizou neste fim-de-semana nos arredores da cidade;

- Visita à cidade de Manchester e, claro, ao Old Trafford (que, fiquei a saber, fica fora de Manchester!!!...);

Não me lembro de mais nada, assim de repente. Mas talvez já dê para justificar que esta derrota acaba por ser, apesar de tudo, um mal menor.

E Liverpool confirmou - e até superou - as expectativas. É sem dúvida um dos locais onde não me importava nada de envelhecer, sentado numa mesa do Cavern Club, abraçado a um copo de cerveja e entoando o "Hey Jude" até caír p'ró lado...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Regresso

Após 2 árduos meses de trabalho em Lisboa, regressei por 2 dias à verdadeira capital.
Qual fato de gala que é guardado na porta mais esquecida do armário, e que surge apenas em momento festivo digno de tal, lá estava Montalegre no mesmo sítio e com o mesmíssimo aspecto com que foi por mim saudosamente deixada há umas boas semanas.

As mesmas pessoas, os mesmos hábitos, as mesmas conversas, os mesmos recantos. Tudo, exactamente na mesma.

"Aqui não se passa nada!", dizem uns.
"Ou! Tu lá é que estás bem!...", outros.
"Se me apanho em Lisboa... Xasus!...", afirmam.

É certo que Lisboa, capital de Portugal, reconhecida internacionalmente como uma das melhores cidades turismo da Europa, é tudo menos uma cidade monótona e oferece de tudo um pouco a - praticamente - qualquer dia da semana.

Mas nada se compara à alegria de regressar a um local a que podemos chamar de "nosso". E pelo meu cantinho, amigos, eu não troco nada!... Nada mesmo!

Peço, portanto, que em Montalegre, tudo se mantenha igual. Aborrecido. Chato. Monótono. Desinteressante. Igualzinho!...

... Só assim saberei reconhecer o meu cantinho na minha próxima visita.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Awkward Silence

Se há momento delicioso no decorrer de uma qualquer conversação, é o "awkward silence".
Primeiro, pelo nome. "Awkward" é, com certeza, uma das mais saborosas palavras de todo o dicionário britânico.
Depois, pelo que este momento representa. Um "awkward silence" é muito mais que um silêncio estranho. É um sem fim de milésimos de segundo, recheado de um sentimento de vergonha própria ou alheia que se transforma, aos poucos, em doses pesadas de humor que teimam em reaparecer de cada vez que o recordamos! E é tão bom...

Para aqueles que não conseguiram ainda perceber de que é que eu estou a falar, dou aqui um exemplo do que aconteceu com o meu Avô quando, há uns bons anos, levou o meu primo Pedro ao pediatra. O Pedro tinha aí uns 7 aninhos. O pediatra, um senhor de raça negra que exercia no Centro de Saúde de Miraflores, estava a examiná-lo.
Eis que, estando apenas o Pedro, o pediatra e o meu Avô no consultório, o meu caro primo decide lançar a seguinte pergunta, digna da inocência de qualquer miúdo de 7 anos de idade:

- "Avô, porque é que os pretos têm as palmas das mãos brancas?..."
...
(Silêncio)
...

E cá está! É a este silêncio de 5, 7 segundos que atribuímos o nome de "AWKWARD SILENCE"!!

Pobre Avô, ficou sem palavras! Foi até o próprio pediatra que explicou ao meu primo o porquê desse fenómeno, com toda a calma e compreensão do mundo.

Quantos e quantos "awkward silences" já cada um de nós identificou no seu dia-a-dia? Pois é...

Escusado será dizer que, com este post, aguardo fartos comentários recheadinhos de "awkward silences"...