quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Não sou rico. Nunca serei rico. Não posso querer ser rico...

No centro do Mundo como o conhecemos, neste pequeno rectângulo e respectivos apêndices, na terra que sempre tivemos como nossa, vive-se uma crise. Ou melhor, vive-se "A" crise.
Dia e noite, crise. Jornais e telejornais, crise. Nas ruas, nos cafés, crise, crise, crise. Não há como lhe fugir e, aliás, segundo os entendidos, vai levar algum tempo a desaparecer.

E eu, filósofo purista da geração de 84 pergunto: será a crise um bicho assim tão mau?

Durante toda a nossa infância, a nossa adolescência e juventude nos viraram os olhos para um bem comum, o meio de acesso a todos os benefícios do mundo: o dinheiro. A nossa sociedade, com seus olhos quase cegos de esforçar a vista em busca da riqueza material, cuidou de nos passar esse testemunho, o de querer dinheiro acima de todas as coisas.

"Filho, estuda! Faz-te engenheiro ou doutor, que isso dá dinheiro! Não queres? Então trabalha e ganha o teu! Não queres trabalhar cá? Vai pra França ter com o teu primo, que lá ganhas bem, compras um bom carro, uma casa e vens cá passear o teu sucesso no Verão. Felicidade? Bah... arranja dinheiro que tu logo vês o que é a felicidade! Precisas é de dinheiro!!!"

Salvaguardando um considerável número de excepções - como a minha, felizmente - a história conta-se assim e pouco mais há que dizer.

Com a chegada da crise, há duas opções: ou emigras ou ficas por cá. Se emigrares, já não pode ser só para França. Tem de ser para mais longe, talvez fora da Europa - que a crise é um polvo de tentáculos grandes - e já não fica tão fácil vir cá no Verão, todos os anos, mostrar as coisas boas que o dinheiro dá.

Resta, aos que não partem, ficar por aqui e sujeitar-se ao que quer que seja que aí vem.

Quem é rico, só precisa de ter cabecinha, investir - cautelosamente - no certeiro e poupar o muito que tem. Mais tarde ou mais cedo isto vai passar.

Quem não é rico... não o será tão cedo. E, assim, vê-se livre desse estigma, dessa quimera megalómana do dinheiro e de tudo o que o envolve. Escusa de se preocupar em orientar a sua vida para ganhar X agora, Y depois e Z quando já tiver 40 anos porque, neste momento, ninguém sabe o que o futuro nos espera. Há dinheiro para comer, para beber (com moderação) e, apesar de não haver emprego, há trabalho para quem quer (que o há, não duvidem).

Portanto, meus amigos, mãos-à-obra. Guardem essas preocupações, conversas fúteis, previsões estapafúrdias e conclusões precipitadas todas juntas num saco, deitem-no no ecoponto amarelo e façam, finalmente, "o favor de ser felizes".

4 comentários:

  1. mto bom. ass: um emigrante em bruxelas cuja alcunha foi dada por ti :)

    ResponderEliminar
  2. Oh primo o titulo 'Não tenho nada, mas tenho tenho tudoooo, sou rica em sonhos e pobre pobre em ourooooo...' aplicava-se muito mais a este post (nota: just in case...isto é a música da floribela...)

    ResponderEliminar