No centro do Mundo como o conhecemos, neste pequeno rectângulo e respectivos apêndices, na terra que sempre tivemos como nossa, vive-se uma crise. Ou melhor, vive-se "A" crise.
Dia e noite, crise. Jornais e telejornais, crise. Nas ruas, nos cafés, crise, crise, crise. Não há como lhe fugir e, aliás, segundo os entendidos, vai levar algum tempo a desaparecer.
E eu, filósofo purista da geração de 84 pergunto: será a crise um bicho assim tão mau?
Durante toda a nossa infância, a nossa adolescência e juventude nos viraram os olhos para um bem comum, o meio de acesso a todos os benefícios do mundo: o dinheiro. A nossa sociedade, com seus olhos quase cegos de esforçar a vista em busca da riqueza material, cuidou de nos passar esse testemunho, o de querer dinheiro acima de todas as coisas.
"Filho, estuda! Faz-te engenheiro ou doutor, que isso dá dinheiro! Não queres? Então trabalha e ganha o teu! Não queres trabalhar cá? Vai pra França ter com o teu primo, que lá ganhas bem, compras um bom carro, uma casa e vens cá passear o teu sucesso no Verão. Felicidade? Bah... arranja dinheiro que tu logo vês o que é a felicidade! Precisas é de dinheiro!!!"
Salvaguardando um considerável número de excepções - como a minha, felizmente - a história conta-se assim e pouco mais há que dizer.
Com a chegada da crise, há duas opções: ou emigras ou ficas por cá. Se emigrares, já não pode ser só para França. Tem de ser para mais longe, talvez fora da Europa - que a crise é um polvo de tentáculos grandes - e já não fica tão fácil vir cá no Verão, todos os anos, mostrar as coisas boas que o dinheiro dá.
Resta, aos que não partem, ficar por aqui e sujeitar-se ao que quer que seja que aí vem.
Quem é rico, só precisa de ter cabecinha, investir - cautelosamente - no certeiro e poupar o muito que tem. Mais tarde ou mais cedo isto vai passar.
Quem não é rico... não o será tão cedo. E, assim, vê-se livre desse estigma, dessa quimera megalómana do dinheiro e de tudo o que o envolve. Escusa de se preocupar em orientar a sua vida para ganhar X agora, Y depois e Z quando já tiver 40 anos porque, neste momento, ninguém sabe o que o futuro nos espera. Há dinheiro para comer, para beber (com moderação) e, apesar de não haver emprego, há trabalho para quem quer (que o há, não duvidem).
Portanto, meus amigos, mãos-à-obra. Guardem essas preocupações, conversas fúteis, previsões estapafúrdias e conclusões precipitadas todas juntas num saco, deitem-no no ecoponto amarelo e façam, finalmente, "o favor de ser felizes".
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Teorismo
A sensação terrível de estar a desperdiçar tempo é das piores coisas que me podem acontecer.
Passa-me com frequência, estar a fazer algo que contribui bastante para a minha realização pessoal e, de repente, cinco minutos depois de ter começado, sentir que devia estar a dedicar-me a outra coisa qualquer.
É a chamada "insatisfação crónica".
Quem lhe chama isso? Eu. Porquê? Porque é a isso que sabe e porque me apetece. Ah, mas quem és tu para pôr nomes a emoções? Não sou grande coisa, mas tenho a mania das teorias estúpidas e isso dá-me arcaboiço para isto e muito mais.
"Só estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde não vou..."
Ah, grande António...
Passa-me com frequência, estar a fazer algo que contribui bastante para a minha realização pessoal e, de repente, cinco minutos depois de ter começado, sentir que devia estar a dedicar-me a outra coisa qualquer.
É a chamada "insatisfação crónica".
Quem lhe chama isso? Eu. Porquê? Porque é a isso que sabe e porque me apetece. Ah, mas quem és tu para pôr nomes a emoções? Não sou grande coisa, mas tenho a mania das teorias estúpidas e isso dá-me arcaboiço para isto e muito mais.
"Só estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde não vou..."
Ah, grande António...
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Salamaleico!
5 dias de gravações em Marrocos para o programa "Chakall & Pulga".
Foi uma experiência de vida intensa, não só a nível de trabalho como a nível do sistema digestivo.
Os coentros são uma cena que a mim não me assiste, nem nunca assistiu, mas os gajos carregam-lhe com força. E, como se não bastasse, espetam-lhe ainda com mais 357 especiarias em cima que é pra ficar tudo bem temperado.
À parte disso, tudo bem. Os altifalantes das mesquitas a chamar o pessoal pra rezar de 4 em 4 horas e as Medinas, mercados ancestrais que são, por si só, uma lição de história e vida.
Foi potente.
Foi uma experiência de vida intensa, não só a nível de trabalho como a nível do sistema digestivo.
Os coentros são uma cena que a mim não me assiste, nem nunca assistiu, mas os gajos carregam-lhe com força. E, como se não bastasse, espetam-lhe ainda com mais 357 especiarias em cima que é pra ficar tudo bem temperado.
À parte disso, tudo bem. Os altifalantes das mesquitas a chamar o pessoal pra rezar de 4 em 4 horas e as Medinas, mercados ancestrais que são, por si só, uma lição de história e vida.
Foi potente.
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