terça-feira, 30 de março de 2010

O Mata-Passes

Hoje de manhã, como tem vindo a ser costume desde que emigrei das terras altas de Barroso para a Lisboa, há cerca de 2 meses, entrei no comboio em Algés em direcção ao Cais do Sodré. Aqui, saí do comboio e entrei no metro com o intuito de sair na estação de Cabo Ruivo e dirigir-me ao meu local de trabalho. O intuito era esse, de facto.

No entanto, na estação de Cabo Ruivo, estavam 3 funcionários do Metro (Os chamados "picas", na versão Old School) a controlar os bilhetes dos passageiros que acabavam de sair do veículo. Um deles pegou no meu passe, encostou-o à sua máquina de verificação magnética e disse, num tom de aprovação, "'Tá bom, 'brigado...".

Dado o que se seguiu, este "'Tá bom, 'brigado..." deveria ter sido um "'Teve bom, 'brigado, mas agora vai deixar de 'tar". Isto porque, quando eu encosto o passe à máquina que dá passagem ao exterior da estação, esta não o identificou. Tentei passar nas restantes máquinas, mas nenhuma reconheceu o passe, dando sinais de que o mesmo estaria desmagnetizado.

Quando me dirijo a um dos 3 "picas" para mencionar o que estava a suceder, eis que teve origem uma estranha tertúlia, que passo a relatar:

(NOTA: entenda-se na legendagem que "L" é Luís, "P1" e "P2" são, respectivamente, o Pica 1 e o Pica 2)

L - Desculpe, a máquina não está a reconhecer o meu passe...
P1 - Não? Mas está carregado, certo?
L - Certo. O seu amigo acabou de o confirmar, logo que saí do metro...
P1 - Qual meu amigo? É o gordo ou o de bigode?
L - Penso que é o do lado direito...
P1 - O de bigode? Pois... Ó Zé, chega aqui!
(Zé abeira-se de nós)
P1 - Este senhor não consegue passar e diz que foste tu que lhe verificaste o passe.
(P1 esboça um sorriso de quem adivinha o que aconteceu, mas não quer revelar...)
P2 - Fui eu? Não me lembro. Mas está carregado?
L - Sim, mostrei-lho ainda agora. Mas tenho aqui o recibo.
(Mostro o recibo)
P2 - Pois, está carregado está... Tu queres ver que...?
P1 - Pois foi, mataste mais um passe!!! Ah Ah Ah...
(Gargalhadas secas, mas vitoriosas, de quem adivinhava este desfecho)
P2 - Pois foi. Desculpe lá, é a minha máquina que tem problemas. Já não é a primeira vez...
L - Ah... Foi a sua máquina?
P2 - Foi, foi... Mas pronto, eu agora comunico para a central, o senhor só tem de ir ao posto do Metro no Marquês, explica a situação e eles resolvem isso.
L - Mas dão-me logo um passe de substituição?
P2 - Ah, isso não sei.
L - Pois, mas... E estão abertos até que horas?
P2 - Isso não lhe sei dizer.
("P1" e "P2" viram costas e seguem para junto do 3º colega. Pelo caminho, "P1" dá umas palmadinhas nas costas de "P2" como que a confortá-lo por ter assassinado mais um passe.
"L" vai à sua vida, e vê-se deparado com a necessidade de logo sair mais cedo do trabalho para ir ao Marquês, sem passe, resolver uma situação da qual não tem rigorosamente culpa nenhuma).

segunda-feira, 29 de março de 2010

Nada de mais

E para que o post introdutório não se sinta sozinho neste painel imenso, aqui fica um pedaço de mim cuja elaboração reporta ao ano de 2005. Nesta pequena quadra se resume aquilo que decidi designar por "impotência crónica". E nada de más interpretações!...

"Brotam, incessantes, da fonte do pensamento,
As ideias tolerantes a um procurar sedento!
Voam, cavalgantes, ao sabor do forte vento...
...
Abortam, ignorantes, no calor do meu assento."

A Luta de Anteu

A questão que se impõe a muitos neste momento é:

"Quem é Anteu e em que raio de luta é que ele andou metido?"

Anteu, um deus da mitologia grega, era filho de Poseidon e Gaia e ficou conhecido pela sua extraordinária força física. Com esta força derrotou todos os inimigos com que se deparou excepto um, Hércules, que descobriu o seu ponto fraco: A força de Anteu esvaía-se sempre que este deixava de estar em contacto com o solo.
Tal como Anteu, também eu luto. E vejo-me grego para lutar. Contra outros e, ás vezes, contra mim próprio. As armas a que recorro são várias: A música, o humor, a poesia, o teatro, o cinema e, sobretudo, as pessoas. E com estas armas pretendo prosseguir com a minha incansável campanha bélica, desejando sempre que o desfecho de cada batalha se resuma a um aperto de mão, um abraço e uma tertúlia de cerveja e boa disposição na tasca da esquina.
Mais do que um mito, A Luta de Anteu é uma necessidade quotidiana. A necessidade de ser forte, de alcançar vitórias no dia-a-dia apesar dos tudos, de ultrapassar os inimigos que se nos apresentam em forma de gente, dificuldades ou sentimentos.

E sempre de pés bem assentes no chão, que o Hércules pode estar à espreita...